Tenho tremores no corpo todo! Isso pode ser doença de Parkinson?
- Guilherme BeWatch
- 8 de abr. de 2024
- 2 min de leitura
Muitos pacientes me procuram com a seguinte queixa:
“Doutor, tenho percebido que tremor o corpo todo… E está sempre piorando. Será que estou com doença de Parkinson?”
A resposta é: provavelmente não. A doença de Parkinson é uma condição conhecida pela população geral como uma situação que o paciente apresenta tremores incontroláveis, sendo este sintoma, a marca da doença. Entretanto, a doença de Parkinson se inicia muito antes que o tremor, e essa percepção é muito importante para sabermos com qual diagnóstico estamos lidando.
Para isso, precisamos falar um pouco sobre duas coisas: sintomas não-motores da doença de Parkinson e os outros sintomas motores além do tremor.
Sintomas não-motores da doença de Parkinson
Primeira coisa que sempre precisamos entender: o tremor vem acompanhado de mais alguma coisa? Na doença de Parkinson, sabemos que existem sintomas que não são motores e, muitas vezes, antecedem em anos o aparecimento dos tremores. Podemos citar, por exemplo:
Constipação intestinal (também conhecida como prisão de ventre);
História de depressão ao longo da vida;
Dificuldade para sentir o cheiro das coisas;
Sono agitado (muitas vezes com gritos, chutes, pontapés, socos enquanto dorme).
Estes são alguns dos sintomas não-motores que vemos com muita frequência nessa doença e, portanto, faz parte da investigação de todo neurologista perguntar sobre estes assuntos na suspeita da doença de Parkinson.
Sintomas motores da doença de Parkinson
Apesar do tremor ser o sintoma motor mais conhecido, temos um ponto-chave que é o marco da doença, o que chamamos de bradicinesia. Esse sintoma nada mais é que uma lentidão do corpo para fazer qualquer atividade. Assim, para se pensar em doença de Parkinson, o paciente deve ter uma lentidão global para fazer suas tarefas, desde o andar, preparar comida, arrumar a casa, sair na rua.
Além da bradicinesia, pacientes com doença de Parkinson ainda apresentam o que chamamos de rigidez, ou seja, a sensação de que os punhos, ombros, cotovelos, joelhos, tornozelos estão mais duros do que deveriam, com dificuldade de relaxamento.
Além disso, não é todo tremor que chamamos de “parkinsoniano”. Temos tremores por várias causas: familiares, tremor essencial, tremor distônico, tremor fisiológico exacerbado, etc. Identificar causas, locais de comprometimento e o padrão do tremor são passos fundamentais da consulta neurológica para se entender de onde vem este sintoma que atrapalha tanto.
Estão vendo? A doença de Parkinson não se resume apenas a presença de tremores, mas envolve sintomas não motores e motores que devem ser perguntados e investigados na sua consulta. Portanto, guardem a seguinte lição: nem todo tremor é doença de Parkinson!
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