Ando muito esquecido! Qual vitamina posso tomar?

Essa, sem dúvida, é a campeã das perguntas do meu consultório. Quem não conhece uma pessoa que está mais esquecida, vai para a farmácia e pede uma vitamina para melhorar a memória?

Sabemos que esta é uma prática muito comum no dia a dia. É muito comum associarmos as vitaminas como "naturais" ou que, por estarem na nossa alimentação, tomar um pouco a mais não faria mal para a saúde. Este é o ponto que nos enganamos.

É muito importante sabermos que, assim como qualquer outro medicamento, a vitamina também deve ser levada com a seriedade de um remédio. O que quero dizer com isso? Se você repõe uma vitamina além do que precisa, você pode estar sobrecarregando alguma parte do seu corpo e, a longo prazo, trazer algum problema de saúde grave.

Veja alguns exemplos que comento com meus pacientes:- Quem toma muita vitamina D, pode ter problemas renais (já conheci casos de pacientes que precisaram fazer hemodiálise por conta disso).

• Quem toma muita vitamina B6, pode ter um problema dos nervos dos pés e das mãos! Isso pode trazer sérias consequências como desequilíbrio, formigamentos, dores crônicas e dificuldade para andar. No caso dessa vitamina em específico, quando interrompemos o seu uso, os danos no nervo podem ser irreversíveis!
  

Por isso que sempre explico para meus pacientes sobre estes riscos e gosto de checar, junto com eles, quais são as vitaminas e doses que estão utilizando. Isso inclui olhar o rótulo da vitamina e todos os seus componentes.

Mas, afinal, o que é bom para a memória quando estamos muito esquecidos? 

A memória é uma função complexa do cérebro e requer muita energia para que ela funcione de modo adequado. Isso quer dizer que ela pode ser afetada por várias coisas, como estado de humor (tristeza, ansiedade, nervosismo), qualidade de sono (quem dorme mal geralmente fica esquecido no dia seguinte), grau de atividade física e base de alimentação. Para isso, é sempre importante fazer uma avaliação completa da memória, que inclui:

• Testes realizados pelo médico neurologista;

• Avaliação do sono;

• Avaliação de humor;

• Exame de imagem, quando necessário;

• Exames de sangue (e aqui, dosamos as principais vitaminas envolvidas com perda de memória).

• História de infecção por COVID.
  

Só depois desta avaliação completa é que podemos achar um "culpado" para o problema de memória do paciente e podemos, de modo certeiro, fazer o seu tratamento.

Portanto, não confie que exista uma vitamina mágica que possa resolver o problema de memória. O mais seguro, é fazermos juntos uma avaliação detalhada de todos estes passos, dosar as vitaminas do sangue e repor aquela que está em falta. A minha experiência no assunto mostra que isso economiza seu tempo, reduz o risco de outros problemas de saúde e, também, economiza seu dinheiro na compra de vitaminas desnecessárias.